quinta-feira, 23 de setembro de 2010

O EVANGELHO SEGUNDO JESUS CRISTO

sinopse

O Evangelho Segundo Jesus Cristo (1991) é um romance de José Saramago que conta a história da vida de Jesus de uma maneira moderna e crítica da religião.
O livro conta uma história humanizada da vida de Jesus e alude a uma sua eventual relação com Maria Madalena (no livro, foi com ela que Jesus "conheceu o amor da carne e nele se reconheceu homem"). Ao adoptar essa perspectiva, de humanização de Cristo, distante da representação tradicional do Evangelho e evidenciando o seu caráter frágil e vulnerável, Saramago coloca que a propagada história da crucificação de Jesus, "um revulsivo forte, qualquer coisa capaz de chocar as sensibilidades e arrebatar os sentimentos", resultou na imposição de "uma história interminável de ferro e de sangue, de fogo e de cinzas, um mar infinito de sofrimento e de lágrimas", de acordo com a sua visão de mundo, segundo a qual “por causa e em nome de Deus é que se tem permitido e justificado tudo, principalmente o mais horrendo e cruel", e que, "no fundo, o problema não é um Deus que não existe, mas a religião que o proclama. Denuncio as religiões, todas as religiões, por nocivas à Humanidade. São palavras duras, mas há que dizê-las". Isso levou a que o livro fosse considerado ofensivo por diversos sectores da comunidade católica, a que ele sofresse perseguição religiosa em seu próprio país, e a que o governo português, pressionado pela Igreja Católica e por meio do então Subsecretário de Estado da Cultura de Portugal, Sousa Lara, vetasse este livro de uma lista de romances portugueses candidatos a um prémio literário europeu por "atentar contra a moral cristã".


Prólogo
O sol mostra-se num dos cantos superiores do rectângulo, o que se encontra à esquerda de quem olha, representando, o astro-rei, uma cabeça de homem donde jorram raios de aguda luz e sinuosas labaredas, tal uma rosa-dos-ventos indecisa sobre a direcção dos lugares para onde quer apontar, e essa cabeça tem um rosto que chora, crispado de uma dor que não remite, lançando pela boca aberta um grito que não poderemos ouvir, pois nenhuma destas coisas é real, o que temos diante de nós é papel e tinta, mais nada. Por baixo do sol vemos um homem nu atado a um tronco de árvore, cingidos os rins por um pano que lhe cobre as partes a que chamamos pudendas ou vergonhosas, e os pés tem-nos assentes no que resta de um ramo lateral cortado, porém, por maior firmeza, para que não resvalem desse suporte natural, dois pregos os mantêm, cravados fundo.

[AQUI PODE LER]

CANCIONEIRO DE COIMBRA




VIEIRA, Afonso Lopes, 1878-1946
Cancioneiro de Coimbra
Afonso Lopes Vieira. - Coimbra : França Amado, 1918. - 146 p. ; 14 cm

Cópias Digitais

Cópia pública, 5.1 MB, 1 ficheiro
Cópia pública, 5.1 MB, 6 ficheiros


Pode ler [aqui]

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

"APROVEITEM A VIDA"

APROVEITEM A VIDA
António Feio
Com a colaboração de Maria João Costa
Editora: Livros d'Hoje
Data publicação: setembro 2010

Tenho um tumor gigante no pâncreas. Alguns dos tratamentos conseguiram reduzir um pouco o seu tamanho, mas não o suficiente para poder ser operado. Sei bem o que isso significa.
Neste momento, e porque não há outra forma, vivo um dia de cada vez. Deixei de fazer planos para a frente. Não sei o que me espera no futuro, mas isso agora também não importa, o que interessa é aqui e agora.
Ao longo deste quase último ano e meio percebi que o meu estado de saúde deixou de ser um tema que me diz respeito apenas a mim, à minha família, aos meus amigos e àqueles de quem sou próximo. A minha doença deixou de ser apenas um problema que é meu, de alguma forma deixou de me pertencer. E isto sucedeu aos poucos, à medida que a onda de apoio e solidariedade à minha volta foi crescendo e ganhando forma. Assim nasceu a ideia deste livro.
A mensagem principal que quero deixar às pessoas é que se há um problema é preciso resolvê-lo da melhor maneira, há que não ficar quieto, há que tentar de tudo primeiro, nunca desistir.
Se as pessoas começarem a parar por um momento para olhar para casos como o meu, ou, simplesmente, para a sua própria vida com olhos de ver, talvez comecem a relativizar os seus próprios problemas e possam perceber o que de facto vale a pena na vida. Talvez assim consigem aproveitar melhor.
Aproveitem a vida e ajudem-se uns aos outros!”
António Feio

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Miguel Torga


Miguel Torga

Diário XV


Mairos, Chaves, 1 de Setembro de 1989 - Quanto mais chegado a Espanha, mais eu gosto de Portugal. Nestas terras raianas a pátria sente-se nos pés. Quando ela acaba, o piso é outro.


Diário XVI

Montalegre, 1 de Setembro de 1990 - Eram jovens, abordaram-me, gostavam do que escrevi, e queriam saber coisas de mim. Qual era o meu segredo?
- Ser idêntico em todos os momentos e situações. Recusar-me a ver o mundo pelos olhos dos outros e nunca pactuar com o lugar comum.